Prestação da casa também caiu para 651 euros em dezembro. Mas no total dos contratos, prestação está em máximos de 2009, diz INE. Fonte: Idealista News
As recentes descidas das taxas Euribor já estão a ter efeitos nos novos créditos habitação em Portugal. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) esta sexta-feira divulgados mostram que, nos contratos celebrados nos últimos três meses, a taxa de juro desceu para 4,342% em dezembro, sendo esta a segunda diminuição registada nos últimos 20 meses. E, em resultado, também as prestações da casa ficaram ligeiramente mais baratas. Mas olhando para a totalidade dos empréstimos habitação voltou-se a sentir uma subida dos juros, assim como das prestações da casa, que estão em máximos de 2009.
Considerando os contratos de crédito habitação celebrados nos últimos três meses, o INE revela que “a taxa de juro desceu pela segunda vez consecutiva, passando de 4,366% em novembro para 4,342% em dezembro (-2,4 pontos base)”, lê-se no boletim publicado esta sexta-feira, dia 19 de janeiro.
Também para o destino de financiamento aquisição de habitação – o “mais relevante” no conjunto do crédito habitação – a taxa de juros nos contratos mais recentes registou a segunda redução consecutiva, diminuindo 2,7 pontos base face ao mês anterior, fixando-se em 4,326% em dezembro.
Mas porque é que os juros estão a baixar nos novos créditos habitação? A verdade é que as taxas Euribor têm dados sinais de descida desde novembro, reagindo à manutenção dos juros do Banco Central Europeu (BCE) nos 4,5% desde setembro até dezembro e ainda à possibilidade de o regulador europeu avançar com cortes nos juros no verão deste ano. E isto tem impacto nos novos empréstimos da casa contratados a taxa variável, que ainda representam quase 30% dos contratos mais recentes. Além disso, as taxas mistas – que são a escolha para a maioria dos novos créditos habitação – têm estado mais atrativas e acessíveis às famílias.
A verdade é que esta descida dos juros também já se reflete nas prestações da casa. “Nos contratos celebrados nos últimos 3 meses, o valor médio da prestação desceu 4 euros face ao mês anterior, para 651 euros em dezembro”, destaca o instituto. Mas, ainda assim, a prestação da casa está 21,5% acima da observada em dezembro de 2022, de 536 euros.
De notar ainda que o montante médio em dívida nos novos créditos habitação foi de 125.928 euros, menos 187 euros que em novembro, o que pode estar a refletir a tendência de comprar casas mais baratas e pedir menos financiamento à banca, de forma a pagar menores prestações.
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Taxa de juro e prestação da casa continuam em máximos
Já no que toca à totalidade dos créditos habitação existentes em Portugal – onde a taxa variável representa mais de 80% dos contratos – verifica-se que tanto a taxa de juro, como as prestações da casa continuam a subir e a registar máximos de 2009, quando começou a ser publicada esta série estatística pelo INE.
“A taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação foi 4,593% em dezembro, o valor mais elevado desde março de 2009, traduzindo uma subida de 6,9 pontos base (p.b.) face a novembro (4,524%)”, explica o instituto, dando nota que os aumentos dos juros têm vindo a ser “progressivamente menos intensos” pelo sétimo mês consecutivo.
Também para o destino de financiamento aquisição de habitação, a taxa de juro implícita para o total dos contratos subiu para 4,564% (+6,7 pontos base face a novembro), revela ainda o gabinete de estatística português.
Em resultado desta subida dos juros, a prestação média fixou-se em 400 euros em dezembro, o valor máximo desde o início da série (janeiro de 2009). Face a novembro a prestação da casa média para a totalidade dos contratos aumentou 4 euros. E em comparação com dezembro de 2022, a prestação ficou 101 euros mais cara. Sem surpresa, a parcela relativa a juros representou 61% da prestação média, o que compara com 33% em dezembro de 2022.
O que também salta à vista é que o capital médio em dívida para a totalidade dos contratos subiu 159 euros em dezembro face ao mês anterior, fixando-se em 64.597 euros.
Juros, prestação da casa e capital médio aumentam em 2023
Foi assim que evoluíram os juros, as prestações da casa e capital em dívida no total de créditos habitação para o conjunto do ano de 2023, segundo analisa o INE:
- Taxa de juro média anual implícita fixou-se em 3,612% (1,084% em 2022). No destino de financiamento aquisição de habitação, a taxa de juro média subiu de 1,091% em 2022 para 3,589% em 2023;
- Prestação da casa (média anual) vencida subiu 94 euros em 2023, para 362 euros (+35,3%) No destino de financiamento aquisição de habitação, verificou-se uma subida de 104 euros entre 2022 e 2023, fixando-se em 396 euros.
- Capital médio anual em dívida para o total do crédito e para o destino de financiamento aquisição de habitação, passou de 60.142 euros e 67.633 euros em 2022, respetivamente, para 63.459 euros e 70. 962 euros em 2023.
Tal como seria de esperar, em reação aos sucessivos agravamentos a política monetária do BCE, as taxas de juro nos créditos habitação escalaram ao longo do ano, resultando em prestações da casa bem mais elevadas. Este cenário somado ao facto de as casas em Portugal continuarem a ficar mais caras, também resultou num aumento do capital médio para a totalidade dos contratos.