Taxa de juro média nos novos créditos da casa desceu pelo 3.º mês consecutivo. Mas montante de novos empréstimos voltou a cair. Fonte: Idealista News
As taxas de juro contratadas nos novos créditos habitação voltaram a descer em janeiro de 2024 para uma média de 3,81%, sendo esta o terceiro recuo registado pelo Banco de Portugal (BdP). Isto está a acontecer porque, nesse mês, as taxas Euribor desceram (embora agora estejam mais instáveis). E também porque a sete em cada 10 novos empréstimos da casa continuam a ser contratados a taxa mista, que estão mais acessíveis às famílias. Ainda assim, esta tendência de descida dos juros não tem sido suficiente para aumentar o montante contratado de crédito habitação em Portugal.
“A taxa de juro média dos novos contratos de crédito à habitação diminuiu 0,18 pontos percentuais [face a dezembro], fixando-se em 3,81% em janeiro de 2024. Foi o terceiro mês consecutivo em que se registou uma diminuição desta taxa”, destaca o BdP na nota estatística divulgada esta segunda-feira, dia 4 de março.
Há dois fatores que ajudam a explicar este novo recuo da taxa de juro média nos novos créditos habitação em Portugal:
as taxas mistas oferecidas pela banca estão mais baixas antecipando queda da Euribor (sobretudo, com juros fixos a curto prazo) e continuam a representar 71% dos novos créditos habitação própria e permanente em janeiro;
as taxas variáveis representaram 25% dos novos empréstimos da casa e apresentam juros ligeiramente mais baixos. Isto porque a Euribor voltou a descer em janeiro dada a manutenção dos juros do Banco Central Europeu (BCE) e as expectativas dos mercados financeiros para os primeiros cortes dos jurosmais cedo do que o previsto (antes do verão) – no entanto, em fevereiro a Euribor oscilou, tendo aumentado nos prazos mais longos, perante o adiamento das previsões do mercado para os cortes dos juros do BCE.
Apesar de a taxa de juro nos novos créditos habitação ter voltado a descer em janeiro deste ano, não se observa um aumento do valor dos novos contratos. O BdP dá nota que o montante de novos empréstimos da casa diminuiu pelo segundo mês consecutivo, fixando-se em 1.185 milhões de euros em janeiro (menos 141 milhões de euros face a dezembro).
Esta diminuição do montante concedido em novos créditos habitação pode estar relacionada com a instabilidade política, económica e social instalada com as eleições legislativas 2024 que se vão realizar no próximo domingo, dia 10 de março. Além de os portugueses quererem esperar para ver qual o vai ser o rumo político do país, também continuam a ter o seu poder de compra pressionado, a ver os preços das casas a subir e os juros dos empréstimos da casa em níveis elevados.
Euribor a 6 e 12 meses subiram em fevereiro, enquanto a taxa a 3 meses desceu um pouco. Assim ficam as prestações da casa. Fonte: Idealista News
Depois de ter estado a descer desde o final de 2023, o recuo da Euribor perdeu força ao longo de fevereiro, uma vez que os mercados estão a adiar os primeiros cortes dos juros pelo Banco Central Europeu (BCE). E os resultados estão à vista: a Euribor está a oscilar com a taxa média mensal a 6 e 12 meses a subir ligeiramente em fevereiro, enquanto a taxa a 3 meses continuou a descer ainda que pouco. Neste contexto, quem está a pensar comprar casa com crédito habitação a taxa variável poderá pagar um pouco mais de prestação da casa em março face aos meses anteriores se optar pelos prazos mais longos da Euribor, tal como revelam as simulações do idealista/créditohabitação.
As taxas Euribor têm dado sinais de descida desde o final de 2023, reagindo a manutenção da política monetária por parte do Banco Central Europeu (BCE) por três reuniões consecutivas. Mas Christine Lagarde, presidente do regulador europeu, tem se mostrado cautelosa em falar dos primeiros cortes dos juros, empurrando-os para o verão, muito embora haja quem defenda que seria melhor antecipar o alívio da política monetária dado o abrandamento económico na Europa, como é o caso de Fernando Medina, ministro das Finanças, e de Márcio Centeno, governador do Banco de Portugal.
Perante a resistência em falar de cortes do juros diretores por parte do BCE, “os mercados têm vindo a adiar o calendário previsto para a descida das taxas de juro”, o que se tem refletido na evolução da Euribor, que começou a oscilar em fevereiro perdendo força na sua rota de descida, analisa David Brito, diretor-geral da Ebury Portugal, em declarações ao idealista/news.
Em resultado, as taxas mensais da Euribor em fevereiro subiram a 6 e 12 meses e desceram ligeiramente a 3 meses para os seguintes valores:
Euribor a 12 meses: a média mensal subiu para 3,671% em fevereiro, mais 0,062 pontos percentuais (p.p) do que a registada em janeiro (3,609%);
Euribor a 6 meses: a taxa do prazo intermédio aumentou ligeiramente em fevereiro para 3,901%, mais 0,009 p.p. face a janeiro (3,892%);
Euribor a 3 meses: voltou a descer ligeiramente para 3,923% em fevereiro, menos 0,002 p.p. face a janeiro (3,925%). Esta foi a terceira queda desta taxa mensal.
“Apesar da tendência de descida, não se espera uma descida acentuada das taxas de juro no imediato. Espera-se que se comece a sentir maior impacto para o segundo semestre do ano”, aponta por seu turno Miguel Cabrita, responsável pelo idealista/créditohabitação em Portugal.
Crédito habitação em março: como ficam as prestações?
Perante as oscilações das taxas Euribor em fevereiro, quem está a pensar comprar casa em março com recurso a crédito habitação a taxa variável vai pagar mais alguns euros face a quem contratou no mês anterior – isto se optar por uma taxa a 6 ou 12 meses. Mas sentirá o alívio de um euro na prestação da casa se optar pela taxa a 3 meses. É isso mesmo que revelam as simulações do idealista/créditohabitação, tendo por base um novo empréstimo habitação de 150.000 euros, com spread de 1% e prazo de 30 anos:
Crédito habitação com Euribor a 12 meses: quem avançar com o empréstimo em março de 2024 (que usa a média da Euribor de fevereiro) vai pagar uma prestação de 775 euros no primeiro ano, mais 5 euros do que quem se antecipou e avançou com o financiamento em fevereiro (770 euros);
Crédito habitação com Euribor a 6 meses: a prestação da casa a pagar em março e nos cinco meses seguintes será de 796 euros, apenas um euro superior do que quem assinou o contrato em fevereiro;
Crédito habitação com Euribor a 3 meses: a prestação da casa será de 798 euros nos primeiros três meses do contrato, um euro inferior à prestação de quem avançou com o crédito da casa no mês anterior.
Apesar dos recentes recuos da Euribor, as prestações da casa nos contratos assinados em março de 2024 continuam a ser superiores face a quem contratou o empréstimo habitação há um ano. A diferença é mais expressiva no caso da Euribor a 6 meses, já que a prestação da casa agora é 68 euros mais elevada do que a apurada em março de 2023 (728 euros). No caso da Euribor a 12 meses, a prestação da casa está 13 euros superior face há um ano, quando se situava nos 762 euros.
É por isso que quem contratou um crédito habitação com a Euribor a 12 meses vai ver a prestação da casa a ser revista em alta este mês, sendo que a dimensão da subida vá depender também do capital em dívida e do ano do contrato. Já no caso dos prazos mais curtos (Euribor a 6 e 3 meses), os mutuários vão sentir um ligeiro alívio na prestação da casa na revisão de março.
Quais os apoios para pagar as prestações da casa?
Para as famílias que estão a pagar um crédito habitação a taxa variável e sentirem um aperto na carteira por via da revisão da prestação da casa no início do ano, há apoios públicos que continuam disponíveis, como:
Fixar a prestação da casa: medida dá desconto até 30% na Euribor durante 2 anos. Quem quiser beneficiar deste apoio terá de apresentar o pedido ao banco até dia 31 de março;
Bonificação dos juros até 800 euros por ano;
Suspensão da comissão de amortização antecipada;
Resgatar o Plano de Poupança Reforma (PRR) para amortizar o crédito habitação e pagar a prestação da casa, sem quaisquer penalizações;
Quem não está abrangido por estes apoios, também pode optar por transferir o empréstimo habitação para outro banco ou mudar para taxa mista de forma a reduzir a prestação da casa, por exemplo.
Em 2023, as renegociações de crédito habitação atingiram 8,8 mil milhões de euros, um valor 5 vezes superior ao registado em 2022. Fonte: Idealista News
Até ao final de 2023, os maiores bancos contratualizaram mais de seis mil contratos de crédito habitação no âmbito da solução pública que permite fixar a prestação da casa durante dois anos, sendo que mais de metade dos quase 1.400 milhões de euros de empréstimos renegociados em novembro e dezembro foram realizados através da referida solução pública.
Os dados mais recentes do Banco de Portugal (BdP) indicam que, em 2023, as renegociações de crédito habitação atingiram 8,8 mil milhões de euros, um valor cinco vezes superior ao registado em 2022 (1,6 mil milhões de euros). Isto apesar das taxas de juro médias dos contratos renegociados terem estado sempre a crescer até ao final do ano, atingindo 4,40% em dezembro (valor superior aos novos contratos, de 3,98%).
Os mesmos dados mostram que nos meses de novembro e dezembro do ano passado, quando entrou em vigor a solução pública de fixação da prestação do crédito habitação, foram renegociados quase 1.400 milhões de euros de empréstimos.
Segundo contas do ECO, os cerca de seis mil contratos renegociados em novembro e dezembro ao abrigo da solução pública por parte de quatro dos cinco maiores bancos do mercado envolveram um montante global de crédito de 743 milhões de euros. A publicação conclui, nesse sentido, que desde que a medida do Governo entrou em vigor, mais de metade das renegociações de créditos habitação foram realizadas através da medida pública.
Sabes por quanto tempo deves guardar as faturas? Agora, poderás ficar a saber os prazos recomendados para guardar faturas. Fonte: Idealista News
Todos os portugueses sabem que devem pedir a fatura com o respetivo número de contribuinte no momento em que compram um bem ou serviço. Esse procedimento deve ser realizado por diferentes razões.
Por exemplo, no caso de querer acionar uma garantia, ter o comprovativo de pagamento é fundamental, seja para assegurar os seus direitos em caso de avaria ou defeito, seja para comprovar uma despesa devidamente paga. Desta forma, o gesto de guardar as faturas revela-se um procedimento sensato.
No entanto, não se devem guardar todas as faturas para sempre, nem sequer todas merecem o mesmo tempo de arquivo na pasta dos documentos. Sabes quais os prazos recomendados para guardar faturas? Nós explicamos.
Quais os prazos recomendados para guardar faturas?
Guardar faturas é um procedimento que todos os portugueses devem realizar, sendo importante preservar as mesmas, quer sejam em papel ou em formato digital. No entanto, se o fizeres, não coloques as faturas em papel abandonadas num baú. Deves criar um dossier bem organizado, identificando as diferentes caraterísticas de cada fatura.
Tens de ter em consideração que é fundamental guardar a informação. No entanto, o período mínimo para guardar cada fatura depende do tipo de bem ou de serviço, sendo que varia sempre entre 6 meses e 5 anos. As faturas em formato digital também devem ser bem organizadas, para não se perderem.
Guardar faturas: dicas para uma boa organização
Se te é difícil gerir tanta papelada, algumas das dicas que podes ter em conta para organizares tudo o que precisas são:
Primeiro, deves tirar fotografias ou digitalizar os documentos em causa.
Posteriormente, deves guardar os documentos digitais criados num espaço prático para ti, por exemplo, no computador, num disco externo ou numa cloud. Até podes copiar a pasta para as 3 possibilidades.
As vantagens desta medida são várias. Além de deixar mais espaço livre na casa e de ser um procedimento amigo do ambiente, este procedimento permite que tenhas acesso aos documentos em causa através do teu smartphone.
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Tipos de fatura
Pode não ser necessário guardares uma simples fatura de supermercado. No entanto, deves guardar a fatura da compra do telemóvel ou da televisão. É sensato que o faças, porque podes apresentar este documento para acionares a garantia, em caso de necessidade, na eventualidade de uma avaria ou de um defeito do produto comprado.
Deves ter em conta que existem três tipos de faturas que devem ser guardadas. São elas:
As faturas já mencionadas que são necessárias para acionar a respetiva garantia;
As faturas que podem ser necessárias para comprovar despesas no IRS;
As faturas inseridas por ti, enquanto consumidor (e não pelo vendedor ou prestador de serviços), no e-Fatura.
Procedimento a realizar
No que diz respeito às faturas relacionadas com o IRS, deves ter em conta que apenas podem ser destruídas as faturas que solicitas com o número de contribuinte e são apresentadas automaticamente no portal e-Fatura.
Deverá guardar o comprovativo durante 4 anos, no caso de ser necessário inserir alguma manualmente. Contudo, se, eventualmente, o comerciante carregar a fatura e ela surgir em duplicado, então, poderás colocar o documento em papel no lixo.
Tem em conta que este é o procedimento a ter em consideração para as faturas referentes ao IRS. Para todas as outras faturas, o procedimento é distinto. Para faturas relativas a compras, pagamentos de serviços ou para fins de garantia, os prazos de duração para a manutenção da fatura variam entre 6 meses e 5 anos.
Prazos para guardar faturas: consumidor
Atenta, agora, nos diferentes prazos para guardar faturas, de acordo com a especificidade de cada uma delas.
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Faturas a guardar pelo período de 6 meses
As faturas relacionadas com serviços (isto é, as da água, da eletricidade, do gás e das telecomunicações) devem ser guardadas durante 6 meses. Trata-se do prazo disponível para as empresas que oferecem estes serviços cobrarem os consumos efetuados.
Por isso, após esse semestre, as faturas prescrevem. Logo, caso lhe cobrem consumos com mais de meio ano, segundo o defendido na Lei dos Serviços Públicos (artigo 10º), não tem que realizar esse pagamento.
O mesmo período é indicado como prazo aconselhável para guardar faturas referentes à alimentação e alojamento, com exceção das faturas que desejares apresentar como gastos do IRS.
Faturas a guardar pelo período de 1 ano
Se realizares algum serviço em casa com um canalizador, um pintor ou um eletricista, por exemplo, podes vir a necessitar de reclamar desse serviço, tendo um ano para realizares esse procedimento.
Desta forma, o tempo que necessitas de guardar essas faturas é também de um ano, porque após esse tempo perderás o direito de fazer reclamações sobre esse serviço.
Faturas a guardar pelo período de 2 anos
Deves guardar faturas de compras de bens móveis durante dois anos. Por isso, sempre que comprares móveis, eletrodomésticos, telemóveis, brinquedos ou outras coisas do género, guarda as faturas por este período.
Geralmente estes produtos apresentam como garantia mínima o período de 2 anos. Logo, deves guardar os documentos durante esse tempo. Ora, se tiveres em tua posse uma extensão da garantia, deves guardar o comprovativo da mesma.
As reparações do automóvel são outro exemplo. Elas têm uma validade de 2 anos. Por isso, deves guardar a fatura sobre esse serviço num local seguro, após levares o carro à oficina por dois anos para poderes usá-la em caso de necessidade.
O mesmo pode ser dito sobre serviços prestados por profissionais liberais. O que se disse não abrange apenas mecânicos, diz igualmente respeito a médicos e advogados. Guarda sempre contigo os comprovativos de pagamento de despesas com estes profissionais, pelo menos por 2 anos.
Faturas a guardar pelo período de 3 anos
As faturas de saúde devem ser guardadas por este período. Deves guardar estas faturas durante três anos, porque este é o prazo que as instituições públicas têm para reclamar pagamentos. Se guardares os comprovativos, podes provar que efetuaste os pagamentos. Caso contrário, não podes fazer essa prova.
Faturas a guardar pelo período de 4 anos
Conforme é indicado acima, as despesas que colocas no e-Fatura devem ser guardadas ao longo de 4 anos. No entanto, apesar de não ser obrigatório guardar as restantes faturas, alguns especialistas nesta matéria aconselham que as guarde por mais tempo.
Estes especialistas defendem que é sensato que o consumidor mantenha consigo todas as faturas referentes ao IRS, pelo menos até à liquidação deste.
O comprovativo do pagamento do Imposto Único de Circulação (conhecido pela sigla IUC) também deve ser preservado por 4 anos. O fisco pode solicitar-te que comproves que o pagamento foi realizado ao longo desse período.
Faturas a guardar pelo período de 5 anos
Os comprovativos de pagamento da renda ou do condomínio devem ser guardados pelo prazo mínimo de 5 anos. No caso de seres proprietário de algum imóvel, o mesmo deve ser feito com serviços de empreitada.
Durante esse período de meia década, os documentos referentes aos pagamentos do serviço devem encontrar-se guardados num local seguro para poderem ser utilizados, em caso de necessidade.
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Prazos para guardar faturas: no caso de empresas
Os prazos aconselhados para as empresas são um pouco mais alargados. Se tiveres uma empresa, no que diz respeito ao IVA, deves ter em conta que as faturas relativas ao apuramento do IVA devem ser guardadas durante uma década. Isso mesmo, 10 anos. Já no que diz respeito ao IRC, o prazo aconselhável é de 12 anos.
Período de juros com taxa fixa tende a ser curto, deixando os mutuários protegidos apenas durante 2 ou 3 anos do contrato. Fonte: Idealista News
A incerteza macroeconómica, conjugada com a subida das taxas Euribor nos últimos dois anos provocaram uma inversão da procura no mercado hipotecário em Portugal. Se antes a taxa variável era a mais contratada no crédito habitação, agora é a taxa mista a preferida das famílias. A explicar esta tendência está, em parte, a oferta de taxas mistas com juros fixos mais acessíveis num primeiro momento, seguido depois de taxas variáveis no restante período do contrato. Acontece que o período de fixação da taxa mista tende a ser curto, deixando os mutuários protegidos apenas durante os 2 ou 3 primeiros anos do contrato, com a banca a antecipar a queda da Euribor.
“Em 2023, assistiu-se a um aumento das novas operações de crédito habitação [própria e permanente] com taxa mista – isto é, empréstimos com taxa de juro fixa num período inicial do contrato, seguido de um período em que a taxa de juro é variável – que passaram de 16% do montante de novas operações em dezembro de 2022 para 71% em dezembro de 2023”, revelou no início do mês o Banco de Portugal (BdP) numa nota estatística.
A preferência das famílias por contratar taxas mistas no atual contexto é explicada por vários fatores:
a forte subida das taxas Euribor nos últimos dois anos (embora agora já estejam a dar sinais de descida);
procura de estabilidade financeira durante algum tempo;
taxas fixadas no período inicial do contrato estão mais baixas (muito por conta de várias campanhas promocionais dos bancos para captar clientes).
Os dados mais recentes do BdP mostram isso mesmo: em dezembro, a taxa fixa (4,05%) continuou a ser bem inferior à taxa variável (4,87%) nos novos empréstimos para habitação própria e permanente – já o é desde maio de 2023. Ou seja, um primeiro momento, as famílias pagam o crédito habitação a taxa fixa (mais acessível), seguido de um período de taxa variável (valor que só será conhecido no futuro).
“Olhando para o curto prazo, há ofertas de taxas mistas no mercado que garantem maior segurança com um preço mais baixo, no imediato, permitindo às famílias não ficarem à espera de um determinado comportamento de taxas de juro, as quais assumem diferentes comportamentos de acordo com inúmeros fatores”, explica Miguel Cabrita, responsável pelo idealista/créditohabitação em Portugal.
Oferta de taxas mistas pelos bancos dominam em prazos mais curtos
As famílias que têm contratado créditos habitação a taxa mista têm-no feito, sobretudo, com fixação inicial dos juros com prazos muitos curtos (1,2 ou três anos), segundo indicam os dados do BdP citados pelo Público. Já os contratos de taxas mistas com juros fixados por períodos mais longos (5 a 10 anos) são formalizados em menor escala e também tendem a ser mais caras, porque os bancos acabam por correr maiores riscos perante a incerteza do futuro.
Estas campanhas de taxa mista oferecidas pelos bancos preveem juros para o período fixo de 2,25%, durante 12 meses, e de 2,9% ou 3,25%, para dois anos, por exemplo. Mas importa ter em conta que estas ofertas de taxa mista muitas vezes requerem a contratação de outros produtos, como a abertura de uma conta ordenado, contratação de seguros ou cartão de crédito. Por isso mesmo, importa fazer contas e ver se compensa ou não ter uma taxa de juro mais baixa por um curto período, comparando os gastos inerentes aos outros produtos do banco que se tem de contratar (e avaliar se até são necessários ou não).
Mas porque é que os bancos têm apostado, sobretudo, em ofertas de taxa mista no crédito habitação com períodos de fixação mais curtos (até 3 anos)? Segundo explicou ao mesmo jornal o economista Pedro Bação, este movimento reflete a previsão dos mercados financeiros da descida das taxas Euribor nos próximos dois anos. Por outro lado, o economista destaca que se projeta também que “as taxas Euribor recomecem a subir dentro de dois anos”, o que “torna mais arriscados para os bancos ter o crédito com taxa fixa num horizonte superior a dois anos”.
Assim, oferecendo taxas mistas com juros fixos só durante dois ou três anos, os bancos ficam protegidos da incerteza económica futura, já que são os consumidores que vão sentir o aumento das taxas Euribor, uma vez que se vão encontrar em período variável nessa altura. Isto quer dizer que os mutuários que contratam créditos habitação a taxas mistas com juros fixos por um curto período, não estarão protegidos durante muito tempo de uma eventual subida das taxas.
“A escolha por taxas mistas ou fixas permite às famílias acautelarem possíveis oscilações das taxas de juro fruto da volatilidade dos mercados. Enquanto a taxa mista apenas garante essa segurança durante um período inicial do empréstimo, a opção de taxa fixa garante não estar sujeito a surpresas durante todo o prazo do empréstimo, independentemente da subida ou descida das taxas”, lembra Miguel Cabrita. E, por isso mesmo, “para quem procura uma maior segurança, principalmente se o empréstimo habitação representa uma fatia importante do seu rendimento mensal, a opção de taxa fixa permite não ser surpreendido durante a vida do crédito habitação”.
Sendo o crédito habitação “provavelmente o contrato mais importante que a família vai assinar na sua vida, qualquer decisão deve ser tomada de modo ponderado, sendo que um intermediário de crédito será uma ajuda importante para este e outros temas”, destacou ainda o responsável.
Por detrás desta descida está a terceira diminuição consecutiva das taxas de juro para 4,315% em janeiro de 2024, diz o INE. Fonte: Idealista News
As prestações da casa nos novos créditos habitação voltaram a descer em janeiro de 2024. É isso mesmo que mostram os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) esta segunda-feira divulgados: o valor médio da prestação da casa foi de 639 euros para os contratos celebrados nos últimos três meses, ou seja, 12 euros inferior ao observado em dezembro. Por detrás desta descida está a terceira diminuição consecutiva das taxas de juro para 4,315% em janeiro de 2024, motivadas pelo recuo da Euribor, bem como pela maior contratação de taxas mistas mais acessíveis. Já olhando para todos os créditos habitação existentes no país, a realidade é outra: tanto os juros, como as prestações da casa voltaram a subir, mantendo-se em máximos de 2009.
Nos contratos de crédito habitação celebrados nos últimos três meses em Portugal, “a taxa de juro desceu pela terceira vez consecutiva, passando de 4,342% em dezembro de 2023 para 4,315% em janeiro de 2024”, começa por explicar o INE no boletim publicado esta segunda-feira, dia 19 de fevereiro. E para o destino de financiamento aquisição de habitação, os juros também voltaram a descer pela terceira vez seguida para 4,297% (-2,9 pontos base face a dezembro).
Esta descida dos juros nos novos créditos habitação pode ser explicada pelas recentes reduções das taxas Euribor, mas também pela maior contratação empréstimos a taxas mistas com juros atrativos e mais baixos, pelo menos, no início do contrato. Em resultado, nos contratos celebrados nos últimos três meses, o valor médio da prestação da casa desceu 12 euros face ao mês anterior, para 639 euros em janeiro de 2024. Ainda assim, face a janeiro de 2023, a prestação está ainda 20,3% mais cara.
Nestes novos empréstimos habitação, o montante médio em dívida foi 125.210 euros em janeiro, menos 718 euros que em dezembro de 2023, o que pode refletir a tendência de comprar casas mais baratas e pedir menos financiamento à banca, de forma a pagar menores prestações.
Juros e prestações para o total dos contratos em máximos de 14 anos
Enquanto os novos créditos habitação já sentem alívios nas prestações da casa, o mesmo não se pode dizer no conjunto de empréstimos da casa existentes no país. “A taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação foi 4,657% em janeiro de 2024, o valor mais elevado desde março de 2009, traduzindo uma subida de 6,4 pontos base (p.b.) face a dezembro de 2023 (4,593%)”, refere o INE. Também para o destino de financiamento aquisição de habitação – “o mais relevante no conjunto do crédito habitação”, a taxa de juro subiu para 4,623% (+5,9 pontos base)
Isto acontece porque a maioria dos créditos habitação existentes em Portugal são a taxa variável (cerca de 80%), o que significa que os indexados à Euribor a 12 meses continuam a ver as prestações da casa a serem atualizadas por taxas superiores face há um ano. Já no caso dos prazos mais curtos (Euribor a 3 e 6 meses), os mutuários já começaram a sentir um ligeiro alívio na prestação da casa. E talvez por isso o instituto nota que, “pelo oitavo mês consecutivo, os aumentos da taxa de juro implícita têm vindo a ser progressivamente menos intensos”.
Como seria de esperar, também a prestação da casa voltou a aumentar (+4 euros), fixando-se no valor médio de 404 euros em janeiro, um máximo desde o início da série (janeiro de 2009). Ainda assim, “pelo quarto mês consecutivo, registou-se um abrandamento da taxa de variação homóloga do valor médio da prestação face à observada no mês anterior”, destaca o INE.
Assim, a prestação da casa média de 404 euros em janeiro de 2024, está 89 euros mais cara do que há um ano, desagregando-se da seguinte forma:
Pagamento de juros: 248 euros (61% do total, contra 36% há um ano)
Capital amortizado: 156 euros (39%)
De notar também que o capital médio em dívida para a totalidade dos contratos subiu 193 euros face ao mês anterior, fixando-se em 64.790 euros em janeiro de 2024.
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