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Euribor a 12 meses deverá atingir o seu máximo em julho. A partir daí, prestações da casa devem descer, mas devagar. Fonte: Idealista News

O aperto da política monetária pelo Banco Central Europeu (BCE) tem-se traduzido num aumento das taxas Euribor, às quais estão indexados os créditos habitação de taxa variável. E as prestações da casa podem ficar ainda mais caras, já que Christine Largarde anunciou um novo aumento dos juros diretores para julho. Este será o mês em que a Euribor a 12 meses deverá atingir o seu máximo, sendo que, a partir daí, as prestações da casa deverão começar a cair lentamente até ao final de 2024, segundo estimam os analistas do BPI.

Passando a pente fino o stock de empréstimos habitação em Portugal, o relatório mensal do BPI conclui que as prestações da casa vão começar a descer entre julho de 2023 e dezembro de 2024, mas deverão cair a um ritmo mais lento do que aquele em que subiram.  

Para compreender qual é o impacto da variação dos juros nas diferentes prestações da casa, foram realizadas simulações para diversos montantes de capital em dívida, considerando empréstimos de 30 anos, com um spread de 1%, indexado à Euribor a 12 meses e as previsões do banco para este indexante.

Ora, segundo as previsões do BPI, o pico no valor das prestações da casa deverá ocorrer em julho deste ano, mês em que a Euribor a 12 meses deverá atingir o seu máximo. “Nessa altura, as prestações de crédito habitação terão sofrido um aumento de 47% face ao valor que apresentavam antes do início do processo de aperto monetário”, explicam no documento divulgado na sua página oficial.

Para o caso de uma família com o capital em dívida de 100 mil euros, o aumento da Euribor a 12 meses até julho, “corresponde a um corte de cerca de 13% na remuneração bruta média mensal do trabalhador português”, indicam ainda.

Só a partir de julho é que a prestação da casa deverá começar a descer lentamente. Até ao final de 2024, é esperada uma “correção parcial em baixa” das prestações da casa para todos os montantes, que pode reduzir o valor pago mensalmente entre 50 e 140 euros, de acordo com as simulações.

Taxas de esforço acima de 40% para menos de um quinto do crédito habitação

Para compreender onde se encontram as vulnerabilidades no mundo do crédito habitação, o BPI tentou perceber quais rendimentos das famílias onde está alocado este stock. E concluiu que o montante de empréstimos da casa concentrado nos 20% de mutuários com mais baixos rendimentos é de apenas 9,4%. Já os 20% de mutuários com rendimentos mais elevados concentram 36,5% de stock de crédito habitação.

O estudo também inferiu que no final deste ano 18,6% do stock total de crédito da casa vai enfrentar taxas de esforço acima de 40%, sendo que um terço destes (6,2%) serão empréstimos de mutuários com rendimentos mais baixos. Por outro lado, 65,6% do stock manterá taxas de esforço “muito saudáveis”, abaixo de 30%, apesar das altas taxas de juro.

“É inegável que o aumento das taxas de juro tem vindo a reduzir de forma não despicienda o rendimento disponível das famílias após liquidação da prestação de crédito habitação. Este impacto é mais substancial nos mutuários de menores rendimentos, traduzindo-se no contexto atual em taxas de esforço preocupantes”, explica o mesmo estudo assinado pelo analista Tiago Belejo Correia.

Mas o BPI também sublinha que o “stock de crédito habitação está maioritariamente concentrado nos agregados de maiores rendimentos e nos últimos anos os novos contratos celebrados também são maioritariamente nesse universo. Isto explicará a manutenção de baixas taxas de default [incumprimento], sendo nossa convicção que, com as expetativas atuais de taxas de juro, não será o malparado em crédito habitação o ‘trigger’ para um ajuste em baixa nos preços do imobiliário residencial”, conclui.

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