Nas maiores economias da UE, o risco cibernético é o que mais preocupa as empresas. Também apontam novos riscos como escassez de talento, revela barómetro anual da Allianz. Fonte: ECO Seguros
Orisco cibernético ascendeu de nº3 (em 2021) para posição #1, como o mais preocupante para as empresas portuguesas em 2022, o mesmo acontecendo a nível mundial, apontam consultores de risco e especialistas do segmento de linhas comerciais de seguros participantes num estudo anual a que ECOseguros teve acesso. De acordo com 11º Barómetro de Risco produzido pela AGCS (Allianz Global Corporate & Specialty), 47% dos inquiridos em Portugal apontam os incidentes cibernéticos como principal preocupação, após ter sido 3º em 2021, apontado por 44% do universo abrangido.
“Com o aumento dos incidentes cibernéticos, muitas empresas portuguesas precisam estar atentas às tendências de risco para este ano e nos seguintes, como campanhas de phishing mais agressivas e tentativas de ransomware. O trabalho remoto e a digitalização de muitos sistemas e atividades diárias continuam a ser uma vulnerabilidade para empresas de todas as dimensões,” explica Giuliano Maisto, Diretor de Linhas Financeiras na AGCS Iberia.
Interrupção de atividade (BI – Business Interruption na aceção anglo-saxónica e que inclui a disrupção das cadeias de abastecimento) foi 2º risco mais percecionado em 2021 (50% das respostas) e este ano desce para a posição #3 (apontado por 30% da amostra), enquanto as catástrofes naturais, que foi risco #4 em 2021 (25% das respostas) sobe para 2º risco mais preocupante em 2022, obtendo 37% das respostas recolhidas em Portugal, junto de 30 participantes neste Barómetro anual de riscos do grupo Allianz SE.
Cyber é risco transversal, alvos podem ser grandes empresas ou PME
De acordo com o relatório que apresenta os resultados de inquérito realizado entre outubro e novembro de 2021 junto de 2 650 especialistas de gestão de risco de 89 países e territórios, o risco Cyber é também nº1 a nível global, sendo o mais receado entre as grandes empresas (organizações com receita anual superior a 500 milhões de dólares e que no estudo pesam 46% das respostas, num total de 1 208 participantes), o 2º mais crítico para as médias empresas (250 milhões a 500 milhões USD de receita, representando 20% do universo inquirido), igualmente o mais preocupante para 924 respostas de empresas que faturam menos de 250 milhões anuais (“pequenas empresas” na ótica do estudo).
Subindo no ranking desde 2017, quando foi 3º risco global, o ciber-risco foi nº1 em 2020, 3º em 2021 e volta à primeira posição em 2022, com o ransomware a representar 57% das respostas que elegem o cyber como principal preocupação. Hoje em dia, qualquer criminoso com conhecimentos básicos de tecnologia pode, através de uma simples subscrição online de 40 dólares por mês, desencadear um ransomware, usando criptomoedas como meio de evasão para não ser detetado, nota o relatório que desenvolve conclusões do barómetro. O comércio do cibercrime “tornou mais fácil para os criminosos explorar vulnerabilidades a uma escala maciça”, explica Scott Sayce, Global Head de Cyber na AGCS.
Globalmente, e por setores económicos, as ameaças à cibersegurança são também o maior receio na indústria financeira, aviação e Defesa, tecnologias, serviços profissionais a empresas e setor público (incluído setor de Saúde).
Após um ano marcado por disrupção generalizada, “a fragilidade das cadeias de abastecimento e produção tornou-se mais evidente do que nunca,” nota o documento. De acordo com a pesquisa, a causa mais preocupante do BI são os incidentes cibernéticos. A pandemia destacou questões como a interconectividade das cadeias de abastecimento atuais, onde “eventos não relacionados criam disrupção generalizada. Ciberataques, problemas logísticos, mudanças nos hábitos de consumo, mudanças climáticas, são fatores que tornam qualquer empresa mais suscetível de sofrer interrupção nas suas operações”, comenta José Pedro Gutierrez, Diretor Regional de Property AGCS IberoLatam.
existe clara tendência das empresas de reduzir as emissões de gases de efeito estufa nas operações ou explorar oportunidades de negócios para tecnologias climate-friendly e produtos sustentáveisLine Hestvik, Diretora de Sustentabilidade da Allianz SE
11th Allianz Risk Barometer
A Europa contou com cerca de 1160 participantes no Allianz Risk Barometer 2022. Entre as maiores economias da UE (Alemanha, França, Espanha e Italia, todos com risco cibernético em nº 1) o número de respostas que coloca o risco Cyber como o mais sério de 2022 é superior a 50%. Na Suécia, onde também é risco #1, é apontado por mais de 70% dos inquiridos.
Catástrofes naturais e novos riscos
Por outro lado, a mudança climática acrescenta pressão sobre as empresas. Line Hestvik, Diretora de Sustentabilidade da Allianz SE, vê “clara tendência das empresas de reduzir as emissões de gases de efeito estufa nas operações ou explorar oportunidades de negócios para tecnologias climate-friendly e produtos sustentáveis.”
Frequentemente correlacionado com as alterações climáticas, o risco de desastres naturais (tempestades e inundações, sismos e incêndios florestais) subiu ao top3 no barómetro global, impulsionado por 25% das respostas, depois de ter sido 6º, com 17% das respostas, em 2021.
O Risk Barometer, conduzido e com contributo de especialistas da AGCS, também destaca novos riscos – que entram pela primeira vez no ranking dos que mais preocupam os executivos empresariais (em Portugal realçam a escassez de mão de obra qualificada e adoção de novas tecnologias, como IA IoT e 5G, entre outros) -, sendo que a crise de talentos (pessoas qualificadas) figura, globalmente, como #1 nos transportes, e entre os principais riscos de 2022 nos setores de engenharia, construção, imobiliário, setor público e saúde.