Inflação, taxas de juro, Euribor, prestação da casa. Tudo está a subir. Como estar protegido? Toma nota destes conselhos. Fonte: Idealista News
Os bancos têm mostrado disponibilidade para financiar a compra de casa, mas o cenário atual de alta inflação poderá ter impacto também na concessão de crédito habitação, visto que os juros estão a aumentar e a fazer disparar as taxas Euribor para terreno positivo, o que fará com que a prestação da casa também suba. Parece ser hora, posto isto, de estar protegido para eventuais dissabores que conduzam a incumprimentos com o banco. Explicamos como no artigo desta semana da Deco Alerta.
A rubrica semanal Deco Alerta é assegurada pela Deco – Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor* para o idealista/news e destina-se a todos os consumidores em Portugal.
Já não estamos num cenário de probabilidades! A Euribor está mesmo a subir. Creio que o nosso crédito habitação tem taxa de juro variável indexada à Euribor, como podemos enfrentar esta enorme dificuldade? O que nos aconselha a Deco?
Até há pouco tempo o quadro macroeconómico era de manutenção de taxas de juro baixas, com inflação baixa. Agora, como bem salientas, o cenário alterou-se face à pressão inflacionista existente. A Euribor voltou a terreno positivo.
A maioria dos empréstimos à habitação em Portugal, tal como o teu caso, tem taxa de juro variável indexada à Euribor, pelo que essa prestação irá subir para vós e para muitas famílias. Portanto, e desde já, deverás avaliar o impacto da subida no orçamento familiar.
O que podes fazer para te proteger da subida da Euribor?
- Começa por confirmar no extrato mensal que recebes do banco se o vosso crédito habitação tem taxa de juro variável indexada à Euribor. A taxa de juro do crédito habitação, a TAEG (Taxa Anual Efetiva Global), resulta do somatório da Euribor (a 3, 6 ou 12 meses) e do spread (lucro do banco). Consulta o mercado e verifica qual o spread que está a ser praticado. Se tiveres um spread elevado negoceia com o banco para o tentares baixar.
- Calcula a taxa de esforço, ou seja, o peso dos créditos no vosso rendimento líquido. Deverá ser preferencialmente inferior a 35%. Se ultrapassar, pode ser um sinal de alerta e deves tentar renegociar os vossos créditos.
- Confirma quantos anos falta para acabar de pagar o crédito habitação. Se faltar pouco tempo pode não valer a pena fazer alterações.
- Faz uma pesquisa de mercado, pede simulações a outros bancos e compara. Solicita sempre a entrega da FINE – Ficha de Informação Normalizada e compara a TAEG e o MTIC – Montante Total Imputado ao Consumidor. Quanto mais baixos forem, menos pagarás.
- A maturidade dos empréstimos também é importante, pois quanto maior for o prazo mais baixa será a prestação. Mas lembra-te que o Banco de Portugal aponta para um prazo máximo de 30 anos para os consumidores com idade superior a 30.
- Transferir o crédito habitação para outro banco pode trazer custos, mas poderá valer o esforço se negociares com o banco a assunção, pelo menos parcial, desses custos, a que alguns estão abertos para conseguir captar clientes.
- Prepara o quanto antes um fundo de reserva que vos permita acomodar esta subida da Euribor, sem percalços. Caso tenham algumas poupanças (ou um PPR) equaciona a possibilidade de efetuarem uma amortização parcial do empréstimo, embora tenha custos associados (exceto numa situação de desemprego ou de deslocação por razões profissionais).
- Se tiveres outros créditos e a subida da Euribor colocar risco de incumprimento, tenta antecipadamente renegociar os vossos empréstimos com os credores e promover uma solução satisfatória conjuntamente, o que está aliás previsto na lei.